47m²
Sucumbe à penumbra do desejo.
Olhos pré-apocalípticos no corpo nu;
Beijos intermináveis no sofá da sala.
Cactos catatônicos na pequena janela da cozinha.
Gotas de carícias encharcam a sala por completo.
Amor invencível no calor do momento.
Ele beijou a minha alma como ninguém jamais fez.
Solitárias palavras avolumam-se no santo exílio.
Castelos cadentes anunciam finais infelizes.
Solidão genérica, genética – invencível.
Três da tarde – vomito orgulho e ressentimento na calçada no centro da cidade.
Eu lembro de seu rosto e me sinto tão mal por lembrar de pensar de você.
Carros monocromáticos param em frente ao sinal, o meu corpo caminha na faixa listrada de cortesias auto impostas; eu me perdi de minha alma no caminho de casa.
Espero o seu contato. Paciente herói de auto epopeias; minguo no meu ser e no meu sentir com a tua ausência.
Desta vez o que temos está morto. Hoje de manhã abri a mão e derrubei a metafórica terra sobre o alegórico corpo.
Novembro é mês de morto; dezembro também.
Com quantos dias de falecimento voltaremos da sagrada tumba?
O amor está morto, será que ele volta?
Lâmpadas queimadas sobre milhares de cabeças aflitas, ilusões mil
Solenidades & sobriedade & compostura.
A ultra superficialidade da alma humana e de suas projeções;
Saudosismo sob a vastidão estrelada, solidão em miríades de contemporâneos.
Eu sinto a sua falta.
Isso precisa ser claro, claríssimo – penso em você a maior parte do tempo, se decidi me ocupar tanto é para pensar com menos frequência, o pior é que nem adiantou.
Ontem eu agonizei tal qual Quíron – amor-flecha envenenada na coxa do centauro.
Hoje eu ascendi. Enxerguei a situação com os olhos de poeta e não de amante.
Me autoconsolei. Deitei-me em cobertas espirituais, beijei minha testa e disse algumas palavras de conforto – poucas eram verdade, mas se fossem não seriam palavras de conforto.
Sinto sua falta, preciso me repetir – do exílio de meu coração lhe escrevo milhares de cartas sentimentalíssimas ilegíveis aos olhos dos homens - podem ser lidas apenas por olhos de anjos, por isso lhe escrevo.
Você se foi, e eu sinto isso, por isso evoquei, das catacumbas de mim, os mais doces anjos para que cuidassem do corpo e fossem em busca da alma perdida.
Alma elétrica, carente. Alma Mirach; cândida filha de Andrômeda.
Hoje o dia e meus auto anjos me curam de você e de mim mesmo.
Hoje estamos mortos.
Amanhã eu não sei.
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