3 de dezembro de 2015

47m²


Sucumbe à penumbra do desejo.
Olhos pré-apocalípticos no corpo nu;
Beijos intermináveis no sofá da sala.
Cactos catatônicos na pequena janela da cozinha.
Gotas de carícias encharcam a sala por completo.
Amor invencível no calor do momento.
Ele beijou a minha alma como ninguém jamais fez.
Solitárias palavras avolumam-se no santo exílio.
Castelos cadentes anunciam finais infelizes.
Solidão genérica, genética – invencível.
Três da tarde – vomito orgulho e ressentimento na calçada no centro da cidade.
Eu lembro de seu rosto e me sinto tão mal por lembrar de pensar de você.
Carros monocromáticos param em frente ao sinal, o meu corpo caminha na faixa listrada de cortesias auto impostas; eu me perdi de minha alma no caminho de casa.
Espero o seu contato. Paciente herói de auto epopeias; minguo no meu ser e no meu sentir com a tua ausência.
Desta vez o que temos está morto. Hoje de manhã abri a mão e derrubei a metafórica terra sobre o alegórico corpo.
Novembro é mês de morto; dezembro também.
Com quantos dias de falecimento voltaremos da sagrada tumba?
O amor está morto, será que ele volta?
Lâmpadas queimadas sobre milhares de cabeças aflitas, ilusões mil
Solenidades & sobriedade & compostura.
A ultra superficialidade da alma humana e de suas projeções;
Saudosismo sob a vastidão estrelada, solidão em miríades de contemporâneos.
Eu sinto a sua falta.
Isso precisa ser claro, claríssimo – penso em você a maior parte do tempo, se decidi me ocupar tanto é para pensar com menos frequência, o pior é que nem adiantou.
Ontem eu agonizei tal qual Quíron – amor-flecha envenenada na coxa do centauro.
Hoje eu ascendi. Enxerguei a situação com os olhos de poeta e não de amante.
Me autoconsolei. Deitei-me em cobertas espirituais, beijei minha testa e disse algumas palavras de conforto – poucas eram verdade, mas se fossem não seriam palavras de conforto.
Sinto sua falta, preciso me repetir do exílio de meu coração lhe escrevo milhares de cartas sentimentalíssimas ilegíveis aos olhos dos homens - podem ser lidas apenas por olhos de anjos, por isso lhe escrevo.
Você se foi, e eu sinto isso, por isso evoquei, das catacumbas de mim, os mais doces anjos para que cuidassem do corpo e fossem em busca da alma perdida.
Alma elétrica, carente. Alma Mirach; cândida filha de Andrômeda.
Hoje o dia e meus auto anjos me curam de você e de mim mesmo.
Hoje estamos mortos.
Amanhã eu não sei.

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