Salvador, Precisamos Falar Sobre Nós
Ladeira da Preguiça. Foto por Antonello Veneri. |
Aqui nem todo mundo é feliz e nem todo mundo é colorido; algumas pessoas são tristes e cinzas, e. Não há nada de errado em assumir as marcas que o tempo e as pessoas lhe deixaram, nem toda carta é uma declaração de amor, algumas pessoas somem subitamente e às vezes você é quem precisa sumir, quem ousa julgar a faceta melancólica desta cidade veranil? Eu jamais me atreveria.
Num bairro suburbano um homem pula do alto de um prédio de classe média, o que a comunidade vai pensar? Na calçada há maledicência, “tão jovem, saudável, bonito, com dinheiro...Isso na certa foi falta do que fazer”, será que adoecemos por ócio? Me recuso a acreditar nisso. Baby Boomers tais quais carcarás rondam o corpo, moldam a opinião pública e organizam uma novena; “senhoras e senhores, preparem suas velas e terços, mais um endinheirado se foi”.
Um tapete de jovens negros mortos num matagal de um bairro periférico qualquer é televisionado e enaltecido em pleno horário de almoço. Você se serve de que? Qual a medida que comove o seu coração?
Guetos. Para onde quer que se olhe, os vemos por toda a parte, nós não os chamamos assim, mas no fundo, bem lá no fundo, sabemos por quem os sinos dobram e onde dobram.
Eu acordo todos os dias e me sinto vazio. Eu raramente me emociono, apesar de ser sensível alterno entre apatia e profunda agonia. Eu vivo eu uma cidade turística, mas venho de uma cidade interiorana onde as coisas são tão ruins quanto aqui, só acontecem mais devagar.
Um sentimento de não pertencimento às pessoas que não se importam com as outras pessoas exala de meu coração. Todos os dias eu choro pela minha alma, choro pela alma do mundo – o mundo tem uma alma belíssima. Quem poderia viver com este nível de consciência e não acordar aterrorizado com o nascer do sol?
Eu leio Ginsberg todos os dias e tento fazer da poesia um alento. Quase nunca sou bem-sucedido, a poesia acaba – eu não acabarei, e nem pretendo acabar, tão cedo.
Pela minha janela eu vejo uma longa rua, estudantes promissores e promessas de futuros melhores – todo mundo é otimista e eu discordo profundamente. Há pessoas devastadas por aí e eu me recuso a não conversar abertamente sobre isso, a não tentar achar alguma forma de ajudar.
Precisamos falar sobre esta cidade cinza, urgentemente. Todos os tipos de pessoas morrem e nós não falamos sobre nada disso. Criamos inimigos invisíveis e lutamos guerras aberrativas. Eu não quero viver na fruta podre da árvore da vida. Precisamos falar sobre o cinza, sobre o lado da nossa cidade que a cada dia murcha mais um pouco.
Num bairro suburbano um homem pula do alto de um prédio de classe média, o que a comunidade vai pensar? Na calçada há maledicência, “tão jovem, saudável, bonito, com dinheiro...Isso na certa foi falta do que fazer”, será que adoecemos por ócio? Me recuso a acreditar nisso. Baby Boomers tais quais carcarás rondam o corpo, moldam a opinião pública e organizam uma novena; “senhoras e senhores, preparem suas velas e terços, mais um endinheirado se foi”.
Um tapete de jovens negros mortos num matagal de um bairro periférico qualquer é televisionado e enaltecido em pleno horário de almoço. Você se serve de que? Qual a medida que comove o seu coração?
Guetos. Para onde quer que se olhe, os vemos por toda a parte, nós não os chamamos assim, mas no fundo, bem lá no fundo, sabemos por quem os sinos dobram e onde dobram.
Eu acordo todos os dias e me sinto vazio. Eu raramente me emociono, apesar de ser sensível alterno entre apatia e profunda agonia. Eu vivo eu uma cidade turística, mas venho de uma cidade interiorana onde as coisas são tão ruins quanto aqui, só acontecem mais devagar.
Um sentimento de não pertencimento às pessoas que não se importam com as outras pessoas exala de meu coração. Todos os dias eu choro pela minha alma, choro pela alma do mundo – o mundo tem uma alma belíssima. Quem poderia viver com este nível de consciência e não acordar aterrorizado com o nascer do sol?
Eu leio Ginsberg todos os dias e tento fazer da poesia um alento. Quase nunca sou bem-sucedido, a poesia acaba – eu não acabarei, e nem pretendo acabar, tão cedo.
Pela minha janela eu vejo uma longa rua, estudantes promissores e promessas de futuros melhores – todo mundo é otimista e eu discordo profundamente. Há pessoas devastadas por aí e eu me recuso a não conversar abertamente sobre isso, a não tentar achar alguma forma de ajudar.
Precisamos falar sobre esta cidade cinza, urgentemente. Todos os tipos de pessoas morrem e nós não falamos sobre nada disso. Criamos inimigos invisíveis e lutamos guerras aberrativas. Eu não quero viver na fruta podre da árvore da vida. Precisamos falar sobre o cinza, sobre o lado da nossa cidade que a cada dia murcha mais um pouco.
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