22 de março de 2016

Dos Poetas



Por dentro quase que não presta.
Por fora se fez poeta;
mas por dentro ele quase que não resta.

Na choradeira muda
das palavras que não ousam atravessar a garganta
ele se cura e procura o que lhe falta.
No que não passa da garganta reside a ânsia -
de sumir, de se encontrar, de sair do lugar comum -ela está lá.

O poeta é urgente e trágico
ainda que não pareça 
ainda que em sua sua cabeça
o coração bombeie sensatez pelos 
vasos da memória.

O poeta é súbito.
O rancor vem de rompante
e em poucos instantes
ele se despedaça.

O poeta,
o anjo de barro em calçadas do centro
distribuí panfletos
ansioso
para que alguém lhe devore o sentimento.

O poeta é um vidente defasado.
É cabeça dura. Só vê devaneios e desilusões.
Só gosta de falar de passado.
O poeta só é poeta porque tem medo de não ser amado.

E na solidão de sua existência
o poeta contempla a dificuldade de ser.
Não procura justificar as suas falhas
ou apontar os próprios defeitos
apenas contempla o imperfeito
e goza da dor e da delícia
de ser quem é.
  
o poema é meu mas o gif abaixo bem que encaixa.

Burroughs + Ginsberg = ♡



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