8 de janeiro de 2016

Não Tenha Medo, É só o Sol Poente...

A minha única inspiração é o pôr do sol.
Que atravessava a janela triste e formava um arco-íris que se dividia em dois e iluminava o meu rosto.
Que contemplava miríades de pequenos yuppies incrédulos mas altamente influenciáveis batendo palmas para a celebração do ócio e da solidão dos grupos.
Que conversava com os pavimentos, melancólico e dramático.
Que deslizava pelos céus cortando o horizonte róseo e deixando que os tons púrpura invadissem o cenário.
Que se ressentia de que a Lua que em toda sua timidez e resguardo era romantizada enquanto ele sentia-se negligenciado.
Que se esforçava para ser notado porque era uterinamente solitário.
Que sussurrou em meu ouvido, choroso, o quanto se ressentia do mundo que celebrava a sua queda.
Que destruía a si mesmo só para ver se alguém prestaria atenção.
Que disse a mim num lamento, ou talvez numa eulogia a si mesmo, enquanto acendia um cigarro, que não se arrependia de nada. Que vencer era um eufemismo para o fim, e que na infinidade e excelência de suas tentativas ele se recusava a terminar seu espetáculo.
O Sol me disse, enquanto poente, que ele era solitário, muito solitário, e disse que no fim todos nós somos assim. Eu chorei pelo Sol e por mim mesmo. Nós olhamos no fundo da alma um do outro e achamos um alento em nosso melancólico elo. 
A minha única inspiração é o pôr do sol.
Que emulou o meu estado de espírito para que eu prestasse atenção no que ele realmente queria dizer e não em suas palavras.
Que me deu a mão e me beijou num fim de tarde, fazendo com que as palmas nas praias realmente fizessem sentido. Caminhamos por uma estrada púrpura a caminho de uma noite infinita.
A minha única inspiração é o Sol poente, que me mostrou a beleza sobrenatural e invencível do invisível.

0 comentários:

Tecnologia do Blogger.

Seguimores