26 de dezembro de 2015

A Insustentável Leveza do Ser

Rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa é um espinho.
As coisas nem sempre são o que parecem ser, ou o que devem ser. Será que eu ainda sou quem me ensinaram a ser? Ou teria esquecido da minha essência?
Qual é a minha essência? Espalhada pela cidade, no fundo da alma, é poliglota, vive tanto nas outras pessoas quanto em mim mesmo; vive em quem eu amo – é barulhenta, assertiva, mas ainda assim intranscritível.
Algumas coisas duram um longo tempo. Outras coisas duram longas noites. Outras coisas duram vidas inteiras. Nem todas as vidas são longas, nem todas as noites são curtas.
Não há tempo para racionalizações – a essência precisa ser espalhada; se havia uma alma foi vendida por palavras bonitas e se havia um corpo este foi compelido a disseminar a instranscritível essência.
O corpo e o copo em uníssono clamam pela alma para que ignore as faculdades dos sentidos e revele os seus ângulos mais bestiais. Por dentro nem tudo é luz – quem poderia viver completamente cônscio de si mesmo e não acordar completamente aterrorizado ao amanhecer?
Despejar verdades. As minhas verdades, os teus incômodos, sobre esta mesa. Tudo parece tão inocente, todos parecem anjos – mas sabemos do que se trata, não é mesmo? Algumas situações contornamos, já outras colidimos.
Um brinde aos tratores humanos. Àqueles que não contornam as situações em que são envolvidos. Há coragem nos dias destas pessoas e também um tipo incomum de inocência.
A essência é uma pedra no meio do caminho.



No Meio do Caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Drummond



No meio do caminho – eu mesmo. Exausto de minhas certezas e um tanto quanto alheio de minha existência, eu sigo a cada dia carregando o fardo dos reencontros. No meio do caminho havia eu mesmo, e ao mesmo tempo um completo estranho. No meio do caminho havia uma rosa, um espinho, uma pedra e a minha própria alma.

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