17 de fevereiro de 2016

Ninguém Está Resolvendo Nada

Ontem eu estava muito triste; hoje permaneço triste, mas seguindo um conselho que me foi dado ontem à noite, estou  tentando me ocupar. Não funcionou muito bem, agora estou triste e cansado; mas eu definitivamente consigo ver a lógica neste conselho, é muito mais fácil ignorar um sentimento, entregar-se à vida prática e deixar todas as nossas questões emotivas pendentes, do que lidar com ele.
Eu, enquanto grande apreciador da lógica, me questiono por que este método não me satisfaz - penso, repenso, acredito ter chegado a uma conclusão: talvez me incomode a ideia de que ninguém se preocupa em solucionar seus problemas, apenas em silenciá-los. Eu quero falar sobre as coisas que me incomodam e que me angustiam.
Veja bem, eu venho de uma geração diagnosticada, medicada, analisada, que passou pelas mãos de milhares de psicólogos, sociólogos, psiquiatras,  antropólogos, para no fim ser chamada de solitária, fingir não se importar e sair pra fazer "esquenta" com cerveja comprada em mercado numa esquina qualquer e perder-se baladas afora.
Ninguém está afim de ser taxado de problemático, ninguém está disposto a tentar fazer as coisas do seu próprio jeito - individualidade é algo raríssimo nos dias de hoje, onde nada parece ser criado, apenas entregue.
Relacionamentos abertíssimos, formando ângulos de 360º circunscritos na solidão. Muitos se incomodam, mas ninguém quer parecer careta, ninguém quer se sentir deslocado do seu próprio ninho, mas qual o sentido de ter um ninho que não tem nada a ver com você?
Todo mundo está disposto a tudo o tempo todo para não parecer antiquado. No fim todos nós somos muito solitários, sabe? Tem gente ao nosso redor, mas é tudo bem solitário. Não tem nada de errado em seguir o coração - e isso é uma coisa que eu conclui há pouquíssimos dias - seguir o coração que se humilha, que não faz sentido, e que insiste em persistir no que não existe. Seguir o coração é o melhor que pode ser feito em tempo de crise - e no Brasil tempos de crise tem sido todos os dias, não é?
Precisamos aceitar, dentro de nós existe um vazio. O que satisfaz a alma é tão particular quanto a própria alma; nós nos acostumamos a ouvir pessoas nos dizendo como todas as coisas devem ser solucionadas que esquecemos de nos perguntar "Como eu acho que isto deve ser resolvido?". Talvez você não ache uma solução, é provável que não ache, mas tentar chegar a alguma conclusão é fundamental.
Ninguém precisa seguir modelos para se sentir bem. Nós somos produto de nossas experiências; negar a experimentação e formação do senso crítico e negar a quem verdadeiramente somos.
Experimente, crie opiniões sobre as coisas, se disponha a conversar sobre o que acontece em sua vida, nem que esta conversa se limite a você mesmo. Às vezes é importante que resolvamos uma parte da grande bagunça que somos, pelo menos a entrada da casa que chamamos de Alma para que o outro possa adentrar. Precisamos nos resolver com nós mesmos, ignorar um pouco as demandas do outro num primeiro momento para que posteriormente possamos atendê-las com toda a atenção que merecem.
Por favor, pare de sufocar sentimentos, as emoções são os sinalizadores de tudo o que se perde dentro de nós - é preciso olhar bem para céu iluminado pelos sentimentos, respirar fundo e ter a coragem de fazer o que é preciso. Na pior das hipóteses feche os olhos e respire - se dispor a resolver é um sinal de que eventualmente as coisas se resolverão.


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