Quebranto
esboço o passado no
espelho sobre a tua
cama - espelho tão
cansado do mesmo
que parece quadro.
os meus dedos percorrem
o perigo que é estar aqui,
curvilíneo apego tremeluzindo
no abrigo que se faz
em nosso abraço.
dedilho as possibilidades
escorrendo pelo seu corpo
e te observo sob a meia luz
que transpassa a cortina.
você é a menina dos olhos
deste coração partido.
ainda que saiba da crueldade
destes lábios de fúria perene
me rendo à doçura do teu beijo.
mais uma vez, no amassado de lençóis
com você a tiracolo
e o sol se pondo assim como
todas as intenções saciadas.
te tomo em meus braços
num aperto ansioso e nostálgico
indo embora para além túmulo
do que nos tornamos.
eu amei você,
mas o seu grande amor
sempre foi o espelho.
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