30 de setembro de 2016

Sobre o Duvidar


o dínamo dos sonhos é deus.
eu, tão certo de mim e dos meus
arredores, choro por tudo
que insiste em progredir.

Quinze anos de austeridade.
o meu coração é métrica
e a minha razão pura vertigem.
O abismo que me segrega
também me assombra.

sou finalmente um desarranjo
de certezas à beira dum horizonte
de possibilidades.

o abismo encara de volta.

o dínamo dos dias sou eu.
sob deus, sob o oráculo bélico
que chamo de coração, padeço
de uma inocência quase infantil.

lágrimas despencam do rosto,
solitárias, empoçando o infinito.
o soluço é a salvaguarda
de meu Sentir ininteligível - engulo,
choroso, a certeza de que não me entenderei.

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