13 de junho de 2016

Primeiro Estilhaço


Manga estilhaçando janela do quarto em dia de chuva. Arritmia às três da manhã, insone por quatro dias seguidos - sintomático. Manga tão amassada quanto o rosto debruçado sobre o travesseiro; os olhos buscam e repelem o celular sem novas mensagens num infindável ciclo ambivalente - no centro da ansiedade havia você.
As árvores farfalham ritmicamente,  enquanto a chuva esquadrinha a alma minuciosamente à procura d'algum lugar que não queime em paixão febril. Busca malsucedida. Os minutos despencam no peito e a respiração pesa; pr'onde você foi?
Vidro por todo o chão. A manga permanece no lugar em que caiu; ele ainda nem se deu conta do acontecido - está perdido demais em si para perceber o ambiente à sua volta. Sabe que ele vai ligar, afinal ele se sente da mesma forma, não é? Ou será que não? Esfriou aqui ou fui só eu?
Janela aberta, vento frio, noite longa. Suspiro seguido de silêncio absoluto: nenhum farfalhar, nenhum pensamento, nenhum tilintar de vidro arrebentado sendo arrastado pelo vento - apenas a solidão residual. Telefone ainda sem novas mensagens. 


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