Efemérides - 04/05/2016
O corpo díspar pinga sobre a realidade embebido em incertezas; uma gota desanimada escorre pela janela da existência, vagarosa, como quem busca validação mas não sabe pedir; é isso que é uma lágrima? Por quem você chora além de si mesmo?
O tempo é um detalhe. Deixemos os relógios e ponteiros para existencialistas baratos, nós somos punks místicos imersos em poesia e aliterações.
O maquinário do mundo é uma armadilha para sonhos, uma boca de lobo cósmica que dilacera devaneios e os leva às estrelas. O misticismo precede o sonho; existir e resistir são atos de fé.
Pulmões em brasa, respiração ofegante, testa molhada. O dia pede o silêncio, mas eu quero vomitar um incêndio na sua sacada.
O corpo incerto dispara contra o sol. É forte, mas é por acaso. Uma metralhadora cheia de mágoas nascidas do silêncio superficial. O dia pede silêncio para fazer da voz revolucionária. O vento concede impulso a quem ousa calar-se para fazer algum barulho. Só se pega em armas quando o afeto deixa de ser revolucionário; a palavra é uma arma, e de destruição em massa.
Os mal-entendidos amargam juntamente às intenções despedaçadas. As coisas nunca mais serão as mesmas, não se agarre ao impossível. O dia deixa um recado claro, no fim da festa, no fim da guerra, o Sol poente no degradê do entardecer avisa: "Tentar ressuscitar cadáveres da memória não te levará a lugar nenhum. Daqui em diante só segue em frente quem pensa no amanhã".
Faltam palavras, e principalmente: falta fôlego. Respire, descanse, reflita.
"Efemérides" é uma nova série que eu pretendo alimentar. Algumas palavras pruns dias que não podem passar sob o véu do silêncio.
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