25 de dezembro de 2016

É e Sempre Foi

| Arte: cena do filme "Eraserhead" |
Desse jeito: com os caminhos - meio tortos para mim mas, de alguma forma, certos para você - se cruzando bem no meio da ferida viva. Eu quero que você me toque onde ainda dói. Precisamos deste desconforto, deste mal-estar, para chegar a um lugar melhor. Crescer - onde quer que seja, em qualquer tempo, sozinho ou juntos - dói.
Sempre fui os meus desconfortos porque eu tenho futuro correndo solto nas veias. Acho o vício de triturar o presente com os dentes para engoli-lo a seco, ou de lamber as feridas do passado no canto da vida, um saco. Acordo, ressabiado, às dez com a dor esmagando a minha própria existência - dói não me conhecer tão bem como ontem pois hoje já sou dois metros mais fundo em mim; dói. 
O que corre nas minhas veias não existe -  é o invisível, são as manifestações da alma, as intenções, a fé. Ter fé é, por si só, um dos maiores atos de coragem - não esquecer.
O futuro somos nós - sempre bom lembrar também. Às vezes eu tenho uma preguiça de mim muito forte, e é nesses momentos que sou invadido pelo presente, em maré - nessas horas, por um curtíssimo período, eu posso ver o futuro porque eu sou o próprio futuro-vivo; estar no aqui agora é ter fé nas águas do mundo, é ter fé em si.
O presente é a fresta de luz do sol que escapa da minha cortina e beija as minhas bochechas. Eu, com os lábios melados de sonho, beijo o acaso e tomo-o como amante. Tenho em mim todos os beijos e carícias do tempo, pois amo-o em todos os seus excessos, formas e sabores. 

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