21 de novembro de 2016

Eulogia a Maria de Nazaré


A Noite comeu o
coração de Maria
distanciando-a
de suas certezas.

A chave ainda está
na janela. Está lá
fora, está nos bares,
a chaves está na
distância a ser
percorrida.

"Deixai toda a
esperança, vós
que entrais" -
só assim poder-se-ia
prosseguir por um
novo caminho.

À noite, Maria
açoita as estrelas
com um flagelo de
lágrimas;

também sois,
entre as mulheres,
as lágrimas, não
é mesmo, Maria?

eu também choraria,
se pudesse.

Maria, em quem você
desaguou? Onde é
que as lágrimas, amas
de leite do mundo,
represaram?

Maria, no fim das contas,
quem te tomou como
filha e não como mãe?

Sente a ausência
rasgar-lhe a pele
e o silêncio
avolumando-se
em sua garganta.

Triste é ninguém
perceber a agonia
de uma mãe em luto.

Expurgai do mundo
este coração partido
numa torrente de
lamentações.

Na memória, a solidão
a pino só não tosta
a própria existência
pelo afeto que sempre
lhe servira de salvaguarda.

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