11 de fevereiro de 2016

O Abismo Encara de Volta


olhos fechados diante do infinito
coração apertado na ponta do mundo
no seu mundo
no mundo de outrem
a certeza da angústia
a certeza do balanço
é a de que o que vai nem sempre vem.

o meu segredo
é o quanto eu percebo
para além do que
você quer me mostrar.

olhos fixos na náusea
a náusea vidrada em meus olhos
sim, ela olha de volta
encara fixamente;
hesitar
momentaneamente,
não chorar,
não calar,
olhos nos olhos no que não agrada,
olhos nos olhos no que da goela abaixo
não passa.

vertigem
e queda.
é o desapego do medo,
é o desapego da coragem,
é o desapego do sossego,
é o desapego da ingenuidade --
porque quando você encara o futuro
ele te encara de volta
e exige que você afunde
na imediatez 
de suas transformações.

porque o futuro é inexorável.
é o abismo,
é urgente,
é endereçado
e indecifrável --
acontece quando não lhe convém
ou quando você se recusa a enxergar.

quando você estiver diante do abismo
e contemplar a infinidade de possibilidades
saiba que na tua primavera
o futuro desabrocha
e entorna o milagre;
dentro do coração,
escorrendo para o estômago,
desembocando numa gestação
para o fim dum mundo.


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