26 de fevereiro de 2016

A Galinha

Uma galinha
quadra a esquina
quadra o escárnio
numa encruzilhada
é um beco sem saída.

Uma galinha --
contemplativa,
na esquina
se esquiva 
do ódio
e da solidão.

A galinha enquadra a ignorância.
Em saias longas,
a passos largos,
com medo,
ociosos,
chamam a galinha de mera feitiçaria.
A sinfonia para Satã acompanha farofa e cachaça.

Quem passa por encruzilhada com oferenda?
Não se ofenda, porque esta galinha também sou eu.
E eu não sou uma ofensa, eu sou uma crença, um manifesto.
E é no manifesto, na revolução que se transcreve o milagre.

Não é a galinha que cede à pressão popular,
a pressão popular cede à galinha.
Esvoaçante, desfazendo-se em plumagens cinza,
ladeira abaixo,
a caminho de lugar nenhum.

A galinha é chutada para o infinito.
De um batente de granito
para a secura do asfalto.
Quão alto pode subir?
Quão baixo pode pousar?

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