A Galinha
Uma galinhaquadra a esquina
quadra o escárnio
numa encruzilhada
é um beco sem saída.
Uma galinha --
contemplativa,
na esquina
se esquiva
do ódio
e da solidão.
A galinha enquadra a ignorância.
Em saias longas,
a passos largos,
com medo,
ociosos,
chamam a galinha de mera feitiçaria.
A sinfonia para Satã acompanha farofa e cachaça.
Quem passa por encruzilhada com oferenda?
Não se ofenda, porque esta galinha também sou eu.
E eu não sou uma ofensa, eu sou uma crença, um manifesto.
E é no manifesto, na revolução que se transcreve o milagre.
Não é a galinha que cede à pressão popular,
a pressão popular cede à galinha.
Esvoaçante, desfazendo-se em plumagens cinza,
ladeira abaixo,
a caminho de lugar nenhum.
A galinha é chutada para o infinito.
De um batente de granito
para a secura do asfalto.
Quão alto pode subir?
Quão baixo pode pousar?
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