Percepções Sobre A Grande Beleza (2013)
O filme conta a história de Jep, um jornalista senil que emplacou um livro há muito tempo e agora se vê preso na mediocridade - ele busca transcender as coisas que o rodeiam, porém a cada passo parece afundar mais em sua realidade.
A nostalgia dá o tom da trama, e nos faz perceber que a vida não é só as superfícies, as festas exuberantes, os amores de uma noite só, como é dito no próprio filme, numa cena quase apoteótica, "raízes são importantes". O filme de Sorrentino é um elogio ao Tempo, ao Clássico – e digo Clássico no que diz respeito às tradições, às grandes famílias italianas clichê, barulhentas e conservadoras, que fazem falta pelo excesso de seus opostos – sequestrado pela força da grande cidade que Roma se tornou.
Não é um filme linear, é fácil perder-se no desenvolvimento, ele é envolvente; de repente você se percebe solitário próximo a alguma construção em ruínas e não sabe para onde ir. Esse filme é essencialmente sobre não saber para onde ir e, paralelamente, saber para onde não se quer ir. Jep não sabe qual será seu próximo grande feito, anseia profundamente por um, mas nada é verdadeiramente definido, por outro lado sabe que morreria se optasse por resignar-se à sua condição atual.
Os personagens são angustiados. Não há felicidade, não há grandes questões, nem sequer tristeza real, apenas angústia e melancolia. Muitas frases feitas para resgatar a atenção do espectador que se desprende da trama e se perde nas imagens (que são, fazendo jus ao título do filme, verdadeiramente belas), sei disso porque busquei salvamento nesta boia inúmeras vezes.
Me encantou um amigo de Jep, o Romano. Durante todo o filme ele se mantem apaixonado por uma artista que transita entre atriz, escritora e diretora sem nunca desempenhar nenhuma das funções. Ela o despreza, mas ele permanece tentando fazer com que ela se apaixone; seus esforços são inúteis.
Romano, assim como Jep, é sensível e mostra. Devoto de seus amores, ele é relutante em aceitar as desilusões e derrotas, talvez seja o personagem mais bonito do filme – porque eu vejo beleza no otimismo – apesar de não receber tanta atenção. Em certo momento ele recita um monólogo maravilhoso:
"Eu passei todos os meus verões fazendo planos para Setembro. Não faço mais isso. Agora eu passo os verões lembrando de todas as boas intenções que se foram. Em parte por causa da preguiça, e em outra por causa do descaso. Qual o problema em se sentir nostálgico? É a única distração para aqueles que não têm fé no futuro. Sem chuva, Agosto está chegando ao fim e Setembro não virá. E eu sou tão comum. Mas não há necessidade para se preocupar. Está tudo certo, está tudo bem."
A Grande Beleza é sobre a persistência da memória – no sentido literal da coisa.
A nostalgia dá o tom da trama, e nos faz perceber que a vida não é só as superfícies, as festas exuberantes, os amores de uma noite só, como é dito no próprio filme, numa cena quase apoteótica, "raízes são importantes". O filme de Sorrentino é um elogio ao Tempo, ao Clássico – e digo Clássico no que diz respeito às tradições, às grandes famílias italianas clichê, barulhentas e conservadoras, que fazem falta pelo excesso de seus opostos – sequestrado pela força da grande cidade que Roma se tornou.
Não é um filme linear, é fácil perder-se no desenvolvimento, ele é envolvente; de repente você se percebe solitário próximo a alguma construção em ruínas e não sabe para onde ir. Esse filme é essencialmente sobre não saber para onde ir e, paralelamente, saber para onde não se quer ir. Jep não sabe qual será seu próximo grande feito, anseia profundamente por um, mas nada é verdadeiramente definido, por outro lado sabe que morreria se optasse por resignar-se à sua condição atual.
Os personagens são angustiados. Não há felicidade, não há grandes questões, nem sequer tristeza real, apenas angústia e melancolia. Muitas frases feitas para resgatar a atenção do espectador que se desprende da trama e se perde nas imagens (que são, fazendo jus ao título do filme, verdadeiramente belas), sei disso porque busquei salvamento nesta boia inúmeras vezes.
Me encantou um amigo de Jep, o Romano. Durante todo o filme ele se mantem apaixonado por uma artista que transita entre atriz, escritora e diretora sem nunca desempenhar nenhuma das funções. Ela o despreza, mas ele permanece tentando fazer com que ela se apaixone; seus esforços são inúteis.
Romano, assim como Jep, é sensível e mostra. Devoto de seus amores, ele é relutante em aceitar as desilusões e derrotas, talvez seja o personagem mais bonito do filme – porque eu vejo beleza no otimismo – apesar de não receber tanta atenção. Em certo momento ele recita um monólogo maravilhoso:
"Eu passei todos os meus verões fazendo planos para Setembro. Não faço mais isso. Agora eu passo os verões lembrando de todas as boas intenções que se foram. Em parte por causa da preguiça, e em outra por causa do descaso. Qual o problema em se sentir nostálgico? É a única distração para aqueles que não têm fé no futuro. Sem chuva, Agosto está chegando ao fim e Setembro não virá. E eu sou tão comum. Mas não há necessidade para se preocupar. Está tudo certo, está tudo bem."
A Grande Beleza é sobre a persistência da memória – no sentido literal da coisa.
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