22 de janeiro de 2016

Verdadeiros Heróis

herói é um herói é um herói é um herói é um herói é um herói.
na solidão de todos os seus excessos e ilusões
é incorreto afirmar que o herói não seja nada além de um herói.
só um herói sabe o peso e as consequências de ser quem é
só um herói sabe o que se perde no exercício de tornar-se quem é preciso ser
e não pensem que é agradável, ser herói.
por isso são poucos
por isso são silenciosos
por isso são solitários;
vagam, incansáveis, sem nenhum descanso,
afogando-se em cafeterias às duas da manhã preparando-se para uma caminhada em direção ao inesgotável breu --
o breu da madrugada e o breu da alma fundem-se num só infortúnio --
alucinações sul-americanas;
o herói é louco e ainda assim consegue encenar a sanidade com perfeição -- verdadeiro ator, verdadeiro talento.
imperfeito é aquele que reconhece o estado natural de caos.
sanidade é conseguir falar com outras pessoas sem estar completamente deslocado.
sanidade é algo raríssimo!
a maioria de nós se contenta apenas com a encenação.
heróis não são como nós.
heróis são um alguém indesejado para eles mesmos, é uma zona de desconforto;
sanidade é um capricho que não deveria ser exigido dos heróis,
eles estão muito ocupados fazendo todas as coisas que não nos convêm. É isso que é um adulto? --
mas os heróis carregam, bravamente, o peso de sua pseudo-sanidade e de sua própria existência,
são duplamente Atlas. neo-deuses.
heróis.
saio na rua e penso
em como os heróis são invisíveis
em como desaparecem nas calçadas
em como reaparecem nos semáforos 
ainda invisíveis
em como choram à noite mesmo que sem lágrimas porque sabem o que perdem
eu penso nos heróis
em como são invencíveis
na solidão e na insatisfação de ser quem não se deseja ser
em como são altruístas
no desistir de si mesmos para que se tornem nada mais do que
heróis.

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