Gramática da Ira - Nelson Maca
e de quando em quando um corpo cadáver encalhado na vala
o espetáculo que a história nos oferece
restos e gestos do sim
alimentos recicláveis
bonecas sem pernas carros sem rodas
arqueólogo das sobras
a miséria
o não
pretinho maltrapilho
com as manchas sujas da vida
sem saber nem bem por que
nas suturas das fraturas
cresci
eu na pilha
você na mira
não vê o que foi feito de mim
pena sangrenta Gramática da Ira
meu rabisco mortal vai foder sua lira
arte::: jean-michel basquiat
0 comentários: